25 de ago. de 2011

Outros mares




"Quero viver diferente 
Que a sorte da gente
É a gente que faz

...O melhor é partir 
Ir procurar outros mares..."

21 de ago. de 2011

É tempo de muletas...


Este é tempo de divisas
tempo de gente cortada,
De mãos viajando sem braços...

(Drummond)

19 de ago. de 2011

O amor bate na aorta...


Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas 
que não ouso compreender...

Drummond

18 de ago. de 2011

E assim tardo...

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.
Faça-se a carne mais envelhecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.
Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.
E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinicius de Moraes

8 de ago. de 2011

Quem sabe?

A moça do arame
equilibrando a sombrinha
era de uma beleza instantânea e fulgurante!
A moça do arame ia deslizando e despindo-se.
Lentamente.
Só para judiar.
E eu com os olhos cada vez mais arregalados
Até pareciam dois pires:
Meu tio dizia:
"Bobo! Não sabes que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo?"
(...)
Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens segredava-me sempre...
"Quem sabe?"
Eu tinha oito anos e sabia esperar.
Agora não sei esperar mais nada
Desta nem da outra vida.
No entanto,
o menino (que não sei como insiste em não morrer em mim)
Ainda e sempre,
apesar de tudo,
apesar de todas as desesperanças,
o menino, às vezes,
segreda-me baixinho
Titio, quem sabe?...
Ah, meu Deus, essas crianças!

(Mário Quintana)

7 de ago. de 2011